Orestes Nigro
 

Histórias que não foram escritas

 

Diário de Itápolis - O terra boa, terra onde nasci! Que coisas boas que nela vivi!

Como dizer pra minha terra querida que ela é uma de minhas paixões se um  dia eu a deixei? Como dizer pra minha cidade querida que ela abriga parte enorme de minha vida, se minha vida foi grande parte vivida longe dela? Como exprimir com verdadeira emoção um amor filial que poucos puderam ver?

 São dúvidas que me confundem, que me infundem um sentimento de culpa que eu não quis crescesse em mim.

 A minha terra natal é como uma irmã mais velha, que me acolheu, que me cobriu de carinho e proteção e depois que me viu crescido, põs-se a ouvir todas as minhas indagações, todas as minhas súbitas paixões, todas as minhas mágoas e desilusões.

A minha doce cidade é como aquela amiga constante, dedicada e boa ouvinte, que zela por sua sorte, sem fazê-lo por conquista.

A minha amada Itápolis é o berço de todos meus sonhos, de todas as minhas descobertas, de todos os rumos que busquei na vida.  A gente pensa que ficou pra trás, a gente acha que não volta mais, mas a cidade da gente finca raízes profundas na nossa alma, planta sentimentos, aprofunda sensações primeiras, tudo sem que a gente se aperceba.

A vida flui, a vida roda, a vida agita, a vida endoidece, a vida amadurece e quando se acomoda faz brotar na alma tudo aquilo que plantou na gente.

 É por tudo isto, terra querida, que hoje, no tempo de seu aniversário quero que fique claro que não a amo sem razão! O amor que sinto por você, minha cidade encantada, tem suas raízes fincadas na minha meninice, tem ramos crescidos na minha mocidade e um robusto tronco frondoso, regado pela minha saudade.

Aqui deixo meu abraço, abraço que abraça meus irmãos e familiares que vivem em você, abraço que abraça meus amigos, novos e antigos, que circulam pelas suas ruas, abraço que abraça meus entes amados que fecundam seu subsolo, minha mãe, meu pai, meus irmãozinhos, minha irmã mais velha, meus cunhados, meus sobrinhos, tios e primos, antigos vizinhos, velhos mestres,  colegas e companheiros, uma multidão de almas que estão  abençoando-a sempre, tornando sua terra cada vez mais generosa! É este grande abraço, do presente e do passado, que sintetizo no meu grande e afetuoso abraço, terra querida de todos nós, presentes ou ausentes, próximos ou distantes!