Orestes Nigro
 

Histórias que não foram escritas

 

Diário de Itápolis - Famílias e Raças

Completando o que iniciei há várias crônicas atrás, vamos falar das raças que compunham o perfil étnico da minha mais tenra Itápolis.

Sabemos da predominância notável da colônia italiana, seguida da colônia sírio-libanesa, onde se rimava Carelli com Santareli, com Martelli, com Brunelli, Martoni com Vessoni, Trevisan com Macagnan, onde as lojas de roupas e tecidos eram na maior parte gerenciadas pelos Abdelnur, pelos Bucalém, pelos Burihan... os Haddad, os Shamas, os Mucari, mas esta hegemonia também deparava com os Kock, de origem alemã como os Brudenhausen, como o Nenê Baiano – ora, ele não era baiano? Não, gente, o conhecido proprietário das jardineiras que faziam a linha Itápolis-Borborema-Novo Horizonte, chamava=se, na verdade, Frederico Hauers, nome que combinava mais com sua pele clara, seus cabelos, barba, cílios e sobrancelhas loiros; sêo Frederico era o pai do nosso querido e inesquecível Baianinho, que se consagrou no rádio e na televisão como Geraldo Alves, simplificando o Hauers; ali nos baixos da Vila Nova havia uma família de alemães, os Gugisberg, que moravam numa casa alta, afastada da rua, bem atrás de sua oficina de mecânico, ao lado do ferreiro Ismael Palhares, nosso leiloeiro oficial nas quermesses de agosto!

Também os Bamman, família de origem germânica, cujo chefe era representante das máquinas de costura Sínger e Pfaff. O Bertholdo era meu colega no ginásio e primava pela seriedade e inteligência. Mais tarde fui encontrá-lo instalado num grande escritório na Rua Direita, centro velho de São Paulo, e a placa anunciava “Bertholdo Bamman – Tradutor Juramentado” e logo vim saber que era o melhor em atividade no Brasil.  Alemães que se destacavam pela inteligência, como os filhos e filhas dos Sr. Brudenhausen, que moravam numa casa à linha da calçada bem na frente da Máquina de Arroz do Biela, ali na Padre Tarallo. Eram sempre elogiados pelos mestres do Valentim Gentil.

O Sr. João Kock, pai do Ewaldo e da Valy, tinha uma oficina de ferreiro na 13 de Maio (Ricieri A. Vessoni de hoje), bem em frente à casa do Sr. Julio Semeghini. E temos as meninas da família Del Guércio Schobert, cujo pai era de origem germânica. Tínhamos também os Mac Faden, família de origem escocesa, vindos de Tabatinga para estudar no Valentim Gentil. Alguns espanhóis também figuravam entre as famílias itapolitanas: a família Garcez, a família Otero, os Garcia, os Rodrigues, a família da Vanda Lopez, a família da Lila Saavedra, as irmãs Nereide e Bety Rueda, os Branco Perez, a família Santoro.

E os eslavos também estavam presentes, como a família do Professor Tamerick, de origem estoniana, os poloneses Kinestautas (Stanislau) e Kojorovski, do popularíssimo Inácio, pintor de paredes que na data do aniversário do Dr. Lyra alugava a programação da nossa Rádio Difusora para oferecer, durante todo o dia as músicas do seu ídolo, Vicente Celestino. Inácio Kojorovski tinha cinco filhos, o Miltom, o Paulo, o Luthero, o Saulo e a Sarah, criados com o carinho da simpática Dona Dalila.

Não nos esqueçamos dos “franceses” da nossa Itápolis, os Mallet, família numerosa e que se distinguia pela cultura e participação na vida pública. Tínhamos também o professor de biologia Armando Volet. Os portugueses da família Borges, da família Reis, os Gonçalves  da empresa de ônibus, os França, os Xavier Marques.

Se você prestou bem atenção, a nossa Itápolis reunia uma boa amostragem internacional, com poucos japoneses, o Sr. Antônio do Bar Central era um deles, tinha até um turco, conhecido como Bananeiro. Mas o forte mesmo eram os Albertoni. Armentano,  Bregagnoli, Biazotti, Belentani, Bellanda, Regiani, Romanini, Cavichiolli, D’Auria, Gianzanti, os Guandalini, os Fiani, Zagatti, Bifi, Ceraico, Compagno. Stella, Scaramuzza, os Marconi, os Mocchi,  os Biella, os Furlan, os Guidorzi, os Tronchini, os Próspero, os Barelli, Lucato, Ferrari, Ferraresi, Fazio, Manicardi, Manginelli, Semeghini,  Dal Roveri, Dall`acqua, Mercaldi, Nardini,  Rinaldi, Brunaldi, Baraldi, Maradei, os Tucci, os Di Cunto, os Gigliotti, os Puzzi, os Ricoi, os Rondelli,  Zuliani, Gualtieri, Granucci, Guidi, os irmãos Cogo, os irmãos Pizza, os Tarallo, os Vessoni, os Zuanon, os Zitelli, os Zarelli, nossa é de A a Z!

Tem muito italiano ainda, mas você pode completar a lista, tem muito  italiano daquela época vivendo aí, trabalhando aí, junto com as demais nacionalidades.