Histórias que não foram escritas

Orestes Nigro

Símbolos da Pátria!

Estamos em plena Semana da Pátria, e se a coisa continuar como vai indo, logo teremos somente o Dia da Pátria, e logo depois a Hora da Pátria. E pensar que nos tempos idos, e não muito longe não, a gente estufava o peito para dizer “pátria”!

Os símbolos nacionais já não estão sendo respeitados como outrora

Até os primórdios dos anos 50 a Semana da Pátria durava uma semana mesmo. Cada dia desta efeméride se destinava a um tópico da vida nacional. Tínhamos o Dia do Trabalhador, dia 1º, o Dia do Hino Nacional, dia 2, o Dia dos Defensores da Pátria (Forças Armadas), dia 3, o Dia do Território Nacional, dia 4, o Dia da Juventude Brasileira, dia 5, o Dia da Bandeira, dia 6 e o grande Dia da Pátria, dia 7 de Setembro! Uma semana inteira dedicada à Pátria!  Alguns municípios adaptavam as comemorações introduzindo homenagens a personagens ou feitos locais. Nas escolas tínhamos, todos estes dias, sessões solenes de homenagem aos heróis e celebridades de nossa independência, de nossa república, com alunos discursando, declamando  poemas e conjuntos orfeônicos apresentando cânticos e hinos. A Semana da Pátria não era motivo para suspenderem as aulas, tínhamos aulas todos os dias. E o dia 7 de Setembro era esperado com grande entusiasmo, porque tinha a Parada Militar, o Desfile das Escolas, o Ato Solene com a presença de todas as autoridades locais, reunindo no palanque o prefeito, o juiz de direito, o sargento do Tiro de Guerra, o Vigário da Paróquia e por aí vai. O povo não perdia nenhum evento, a Pátria era homenageada com o  coração. Cada hasteamento da bandeira nacional, naqueles sete dias memoráveis, era momento de grande emoção cívica; as pessoas ficavam de pé ao ouvirem o hino nacional, tiravam o chapéu, o boné, a boina, à passagem do Pavilhão Nacional.

Naquela época as pessoas, na condição de cidadãos brasileiros, respeitavam  os ícones da Pátria como troféus que adquiriam a aura de coisas sagradas. Como no 3º Mandamento, “Não pronunciarás meu nome em vão”, não se usava a bandeira nacional a não ser em eventos cívicos ou em campanhas relativas ao civismo. Não se viam pessoas enroladas na bandeira da Pátria em eventos esportivos, em festas populares até no Carnaval. O Hino Nacional Brasileiro era sempre executado na sua versão original, o que podia variar era o seu executor, uma banda, uma orquestra, um coral, um agrupamento militar, pelotão, batalhão, etc.

Tínhamos orgulho de nossa Pátria, da língua pátria, dos símbolos da Pátria. Cultivávamos as nossas coisas, a nossa música, os nossos ídolos. É claro que curtíamos as músicas que vinham de fora, como o tango argentino, o bolero mexicano, as “canzonete” italianas, o fox americano, mas nenhum deles superava a nossa música brasileira nas execuções dos serviços de alto-falantes, das rádios e dos shows. Os calouros de programas de auditório se apresentavam cantando músicas do nosso cancioneiro popular, raro era aquele se apresentava cantando algo vindo de fora.

Estamos em plena Semana da Pátria!  Dá pra perceber?