Histórias que não foram escritas

 

Orestes Nigro

"Itapolitano, povo de rica memória"

Quem diria, caros leitores, que minhas últimas crônicas passadas teriam como tema central a sonoridade da minha mais tenra Itápolis e que publicadas, os relembrados sons iriam ser os últimos que deliciariam meus ouvidos? Será que foi pressentimento? Sei lá, este mundo é tão cheio de mistérios!

Vou fazer, nesta crônica, uma pausa nas velhas lembranças. Quero falar-lhes sobre o que me resta publicar sobre Itápolis.  O segundo volume de “Histórias que não foram escritas” já está em fase de acabamento e será lançado durante a Semana da AIA, em julho próximo. Seu tema central é a família, como se compunha, como se relacionava e como vivia nos velhos tempos.  O volume 2 será uma compilação destas crônicas, misturadas a algumas considerações gerais sobre a vida doméstica dos itapolitanos dos anos 20, 30, 40.  É bom que se diga que nem todas as crônicas alusivas às famílias antigas puderam entrar neste volume, por uma questão de conveniências editoriais, somente por isto. Mas o volume 3, praticamente pronto e a ser lançado ainda este ano, contemplará todas elas e mais as que estou preparando agora. Este volume 3 também reunirá crônicas que abordam assuntos gerais relativos à nossa antiga cidade.

Estamos recebendo inúmeros pedidos de reservas de exemplares, o que significa que o interesse pela história de nossa cidade continua vivo e mais entusiasmado ainda. O aparecimento de inúmeras manifestações de valorização da memória de nossa terra atesta bem isto. Itápolis mais uma vez é pioneira numa inovação: foi com a inesquecível comemoração do 80º aniversário da EE Valentim Gentil, organizada e promovida por um grupo de jovens em 2009, que o interesse pelas reminiscências e registros da antiga Itápolis veio à tona e floresceu.  A criação do Arquivo VG, no extinto Orkut, deu a arrancada e não parou mais. Temos hoje o Arquivo Escola Valentim Gentil, sua versão no Facebook, onde se mantém o Arquivo Itápolis, as participações do Adenir dos Santos Fabiano, do José Antonio Juliani, os artigos do Chiquinho Santarelli, rememorando fatos políticos. Tudo isto, culminando com o lançamento do livro de Adenir dos Santos Fabiano, “Meus caminhos”, são demonstrações de carinho e devoção da gente itapolitana por sua própria história.

Notável e gratificante a presença dos jovens e dos amigos

Após a gentil saudação, a entrega do título de Comendador de Pedra

Espero que esta chama não se apague e que Itápolis seja a primeira comunidade brasileira de que não se dirá mais “o brasileiro não tem memória”. Destaco aqui o papel brilhante da Associação Itápolis Acadêmica(AIA), que prima pela divulgação cultural, pela participação ativa na vida da cidade. Da AIA colou-se em minha memória, sua presença significativa na noite do lançamento do primeiro volume de meu livro, na acolhedora Spazio Pizzaria, em 19 de julho de 1913. Naquela noite

 

memorável, o que eu mais temia era a ausência do jovem itapolitano. Lançando um livro que fala das lembranças mais antigas, dos costumes há tanto abandonados, de personagens já sepultos na memória da maioria da população, pensei, erroneamente, que teríamos uma reunião de idosos, Surpreendentemente deparei com uma presença notável de jovens, que além de me premiarem com o interesse pela minha obra, homenagearam-me com gentil saudação, com o enobrecedor título de Comendador da Pedra, com placa comemorativa e com o abraço emocionante de cada um de seus membros. Ostento com orgulho tamanha honraria e guardo em meu coração a mais grata demonstração de louvor que já recebi em toda minha vida.