Histórias que não foram escritas

Orestes Nigro

"As mães sempre são mães"

Impossível tentar deixar passar desapercebida a data que se aproxima, quase tudo a gente consegue fazer de conta que esqueceu, dizer que já disse tudo, mas quando se trata da figura de mãe, quando se trata d’Ela, não tem jeito. Há quase vinte anos a minha mãe partiu e eu não a esqueço um só dia. Em tudo que me acontece, em todas as situações, tristes ou alegres, banais ou importantes, simples ou complicadas, ela ainda me é referência.

Quem convive comigo pode bem atestar o quanto a cito. E o que acontece comigo acontece com todos. Eu vejo as pessoas escreverem a expressão “a melhor mãe do mundo” ao referirem-se à sua e aí alguém poderá dizer: “Que nada, a melhor mãe do mundo é a minha!” e é mesmo. Toda mãe, com raríssimas e desprezíveis exceções, é a melhor do mundo.

Inconscientemente comparando o desempenho do meu pai, como pai, com o da minha mãe, como mãe, é incrível a diferença, em favor d’Ela (hoje eu vou escrever Ela com maiúscula, é minha homenagem ao seu dia). Tem pai que é um santo para os filhos, tem pais maravilhosos, mas é diferente. E como eu nunca cheguei à explicação deste fenômeno, não vou tentar desvendá-lo agora.

Você já viu um pai chorando desesperado em frente ao portão de uma penitenciária onde acontece uma rebelião? Eu nunca vi, chorando, se descabelando, não. Mas, quantas mães eu vi, você viu, todos nós vimos!!!

Alguns dizem: “Que que é isto? Chorando por causa de um bandido?!”  Diz isto porque o presumido “bandido” não é filho dessa pessoa. Nem sempre filho é filho, irmão é irmão, pai é pai, mas mãe é sempre mãe! É mãe sempre!

Toda vez que eu vou ao Hospital do Servidor Público Estadual, lá no Ibirapuera, deixo o carro no estacionamento da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), que fica na esquina e, quando vou retirar o carro, sento-me entre os que esperam o seu e essa espera costuma demorar mais que o costumeiro.

É a oportunidade que eu tenho de assistir ao ato mais sublime da dedicação materna. São mulheres altas, baixas, gordas, magras, pobres, ricas, velhas, maduras, jovens, são mães de todos os tipos que nos dão uma lição de amor incondicional, de amor infinito, amor que a faz superar sua estrutura franzina, o peso da sua idade, a inexperiência de sua juventude. São mães que carregam seu filho com enorme carinho, independente de seu peso, de seu tamanho, de sua deficiência. Muitas dessas mães estão acompanhadas de seus maridos, eles ate que ajudam,  recolhem a cadeira de rodas, abrem a porta do carro, mostram-se solícitos, mas quem carrega a criança, o adolescente, o filho, a filha, colada ao seu corpo, é sempre Ela, a mãe.

Nessas horas, eu penso  na mídia que dá  prêmio de “mãe do ano” para certas celebridades que têm babás até para elas mesmas  e olho para aquelas criaturas e vejo suas cabeças coroadas de louros, vejo seus semblantes a reproduzirem o rosto da “Mater Dolorosa”, da Mãe de Jesus, essas verdadeiras rainhas, mães do ano, dos meses, dos dias, das semanas, dos minutos, dos segundos!

Neste dia 11 de maio, domingo agora, homenageemos nossas mães, presentes ou ausentes, que elas muito merecem!  Mas, desta vez, vamos dedicar também uma prece como homenagem às mães às quais a vida entregou um filho, uma filha, que precisam de seu sacrifício, de sua atenção vinte e quatro horas, de seu carinho o mais extremado. E peçamos à Mãe de Deus, velai por Elas!