Histórias que não foram escritas

Orestes Nigro

Diário de Itápolis - Coragem de Mulher!

Dias atrás fui surpreendido com uma reportagem policial em dois canais de TV, vinda de Itápolis. Era um vídeo que mostrava  uma senhora sendo atacada por um rapaz que, para roubar-lhe a bolsa precisou jogá-la contra o asfalto, tamanha a bravura da vítima. O narrador da TV disse num dos canais que o fato se deu às 5 da manhã, embora a cena já apresentasse claridade  imprópria para a  hora; já noutro canal a hora indicada era “cerca das 6 e meia”. Em ambas as reportagens foi noticiado que três rapazes foram identificados e presos pela polícia local logo em seguida, recuperando a bolsa com os pertences.

No dia seguinte uma notícia inusitada mostrava outra mulher usando o celular para denunciar, ao vivo, um crime que estava presenciando dentro de um cemitério de Ferraz de Vasconcellos, na Grande São Paulo, crime este praticado por dois policiais da PM, devidamente uniformizados, motorizados e armados, que invadiram o local, retiraram da viatura um homem e o mataram ali,, nas proximidades daquela mulher, com um disparo de pistola no peito. A denunciante, além da coragem de tomar aquela iniciativa, teve o sangue frio de esperar a viatura deixar visível seu prefixo para repassá-lo à policial que anotava a denúncia! Além da incrível ação de coragem, a mesma mulher ainda trocou duro diálogo com o policial que praticara aquela execução sumária.

No meu tempo aí na minha tenra Itápolis havia mulheres incríveis, valorosas, já disse isto, mas não conheci nenhuma assim, como estas duas mulheres corajosas que a TV mostrou esta semana!

 Talvez seja por falta de oportunidade, pois aquela Itápolis passava décadas sem crimes, sem ocorrências policiais que não fossem as corriqueiras: um roubo de galinha aqui, outro roubo de roupa no varal ali.  Houve um tempo em que os varais estavam sendo roubados quase todas as noites. Já eram assunto diário na cidade. Até que chegou um novo delegado que, informado do problema, investigou, analisou, pensou e tomou uma decisão: extinguiu a Guarda Noturna de Itápolis, tão tradicional que ostentava em cada casa uma plaquinha azul com as iniciais em branco GN. Acabou a GN, acabou o surto de roubos de quintais! E a vida dos policiais daquela época voltou ao sossego e à pacatez.

Agora, fazendo uma reflexão sobre estes últimos acontecimentos a que me referi no início desta crônica, nos quais duas mulheres dão vivas demonstrações de valentia, coragem e determinação e , no caso da que denunciou policiais armados, em pleno ato criminoso, também é preciso acrescentar seu alto grau de cidadania, é de se pensar: até nisto as mulheres, o sexo frágil vejam só, estão superando os homens? Analisando-se  a atuação pública de ambos, nos dias de hoje, olha que não está difícil não! Os homens de hoje dificilmente surgem perante a nação praticando atos de coragem, de firmeza, de cidadania. No Congresso, nas Assembléia e Câmaras Legislativas, nos diversos escalões do Poder, tanto executivo como judiciário, cadê os homens corajosos, que dizem não e denunciam as propinas, as negociatas, as acomodações, o corporativismo, a compra de votos, a compra de sentenças? Por causa disto nós vivemos numa “democracia” que só tem situação, não existe, praticamente, oposição.

Os homens de hoje estão usando brincos, alguns usam piercings, se depilam, tingem os cabelos, se enchem de tatuagens e estou achando que estes modismos prejudicam as glândulas que fabricam a coragem, a retidão de caráter, a obstinação pelo que é limpo, honesto e patriótico.

A esperança é que mulheres como as que vimos esta semana se espalhem pelo país, militem na política, assumam cargos públicos e venham a restaurar a dignidade desta Nação. A presidente Dilma já chegou lá, e eu estou gostando dela!