Histórias que não
foram escritas
Dia de festa na Cidade das Pedras, festa para a cidade, com direito a feriado municipal, a homenagens, a discursos, honrarias! É a nossa terra festejando seu 149º aniversário! Longa existência que há de se prolongar por séculos. Longa vida feita de muita luta de seus munícipes, de muitas tristezas e também muitas alegrias! A cidade nasceu por obra de alguns homens e mulheres que aqui demarcaram seu território, que aqui constituíram família, patrimônio, lavraram a terra, erigiram casas, traçaram ruas, abriram estradas, descortinaram horizontes, viram sua família virar outras famílias, suas ruas virarem comércio, seus descampados virarem praças, onde plantaram flores, festas, progresso, lutas políticas, monumentos. Dia de festa para a cidade que acolheu gente de perto, de longe e de muito longe. Cidade onde a estrada de ferro acabava num fim de linha que viu desembarcarem desguaritados em busca de esperança. Cidade cujo murmurar tinha a sonoridade universal da Torre de Babel, em suas mesas sabores que eram a mistura gostosa do que ali e lá e acolá se consumia. Cidade pequena com alma de gigante, com olhar voltado para o sem limites, para o mundo de onde vinham seus filhos. Nela se cantou o lírico do velho mundo, o cantarolar urbano da terra brasileira e a melodia em cantilena dos campos e dos roçados.
Na terra que fazia germinar as sementes mais nobres, havia alimento para o sonho do saber, para o ímpeto do progresso, para o abrigo da fé. Sua sede de saber virou escola, sua busca do progresso virou empreendimento, sua índole religiosa virou caridade, amor ao próximo, devoção. Na terra que os homens plantaram nasceu a pujança de seus frutos, sua multiplicação e sua expansão sem fronteiras. A cidade que gerou famílias, famílias que se fundiram e fizeram dela uma imensa família, viu seus filhos transformarem-se em construtores do seu progresso, propulsores do seu crescimento, arautos de sua repercussão lá fora, no próximo e no distante. Cidade que já se viu rodeada de mata virgem, de verdes pastagens, do ouro verde que ganhou o mundo, da fonte cítrica que a projeta agora. Cidade que tem no seu prestigiado clube de homens voadores, a marca de sua vocação para se alçar, ganhar o espaço e se mostrar nos mais longínquos rincões.
A cidade que tem tantas estradas, que sempre teve a vocação dos caminhos que levam e também trazem, teve seus bandeirantes que os abriram. E nesta data festiva vou fechar esta página com uma merecida homenagem a um dos homens que mais contribuíram para o crescimento e expansão desta nossa querida Itápolis. Foi ele quem, sem alarde, sem pose de autoridade, sem busca do agradecimento público pelo voto, em silêncio e com seu jeito simples, ar austero sem ser duro, rosto cavado, sulcado pela lida, usando seu terno de brim claro, seu inconfundível chapéu, o xará do meu pai, Sr. Vicente Cassini, foi de importância vital na administração do desenvolvimento de nosso município. Foi ele quem conduziu a abertura de todas as principais estradas municipais. Este homem que, desde menino, eu via presente nas obras públicas da cidade, fiscalizando, corrigindo, orientando os camaradas da prefeitura, era tido pelos governantes da época como indispensável para a cidade. Ele esteve trabalhando em São Paulo quando o Sr. Lucilo Alves Porto foi convidado a assumir a prefeitura de nossa cidade, e o Sr. Lucilo colocou como condição sine qua non o concurso do Sr. Vicente Cassini em sua administração, e o Sr. Cassini voltou pra nossa terra, que amava como poucos. Pai de oito filhos, quatro dos quais muito cedo faleceram, ele e Dona Carolina viram crescer o Lico, que foi proprietário do restaurante Gruta Azul, o Antonio, que foi dono da Sorveteria Sônia, a Guiomar, mãe do nosso querido Sini Del Guércio e o caçula Alcides, este meu colega que hoje nos brinda com seus escritos tão brilhantes. Neste dia de festas e de lembranças históricas, em nome de todos os itapolitanos, tenho a alegria de registrar aqui a gratidão do povo desta cidade a este cidadão que, com modéstia e humildade, deu sua valiosíssima colaboração aos homens que dirigiram esta querida terra e principalmente ao seu povo. Obrigado, Sr. Vicente Cassini. |