Histórias que não foram escritas

Orestes Nigro

Diário de Itápolis - Família Gentil

O nobre Deputado, Dr. Valentim Gentil, Presidente da Assembléia Constituinte Estadual, assinando a Constituição Estadual de 1947

Falando sobre o Dr. Valentim Gentil Fº, eu comentei dizendo “só podia ser de Itápolis”. Na verdade eu não sei se o excelente psiquiatra nasceu em nossa cidade. A família do Deputado Valentim Gentil vivia em São Paulo, numa época em que as viagens não eram tão comuns como hoje, provavelmente o Dr. Valentim Filho tenha nascido na Capital. Mas era filho de gente de Itápolis, neto de gente de Itápolis, tanto do lado paterno, como do lado materno. Do lado materno, sua mãe, Dona Rita, era filha do Dr. Antonio D’Andrea, vindo da Itália, onde se formou advogado pela Universidade de Roma. O Dr. D’Andrea morou sempre naquela casa avarandada que fica na esquina da Avenida 7 de Setembro com a Avenida Campos Salles; na sua época a casa tinha um jardim muito singelo, coberto de miosótis, amor perfeito, sempre-vivas, jardim onde nós, seresteiros dos anos 40, entrávamos para homenagear a Therezinha, uma das filhas do Dr. Valentim e Dona Rita, que quando vinham passar férias em Itápolis alternavam a hospedagem, uma vez tendo ficado na casa do Avô D’Andrea, na outra ficavam na casa do Avô Raffaele, pai do Dr. Valentim.

O Sr. Raffaele Gentile, nome de origem na Itália, onde nasceu, na decantada Napole, mas foi criado em Lentiscosa, na região de Campagna, era casado com Dona Maria Antonia Tarallo Ciernicchiaro, oriunda da mesma região. Da Campagna vieram os Tarallo, os Del Guercio e os Januzzi. Dona Maria Antonia era sobrinha do Padre Tarallo e, por sinal, morava na Rua Padre Tarallo, do lado de baixo na nossa Matriz. A gente vai descobrindo como se entrelaçavam em parentesco as antigas famílias itapolitanas. O casal teve três filhos: o Dr. Valentim, nosso brilhante deputado estadual, Dona Anita e o meu querido Dr. Mario.

O Dr. Valentim e dona Rita tiveram seis filhos: o Rafael João Antonio, conhecido por nós como Rafaelzinho, A Dieta, apelido da Antonieta, não sei se era Maria Antonieta, Rosalia, Therezinha, Maria de Lourdes e Valentim Fº, nosso admirável médico psiquiatra. Dona Anita, que era casada com o comerciante Maurilio Leite, muito querido na cidade,  falecido ainda jovem, teve três filhos, Maurilio, que a gente chamava de Maurilinho, Álvaro e Theresinha. Com a viuvez, ainda jovem, tendo três crianças para criar e formar, Dona Anita enfrentou sua batalha sem tirar proveito da condição de irmã de um deputado. Naquela época a gente mal conhecia a palavra “nepotismo”, outros tempos! O Dr. Mário, advogado respeitável  e professor de Português, era casado com Dona Alvina Morelli, os dois tiveram cinco filhos: o Marinho (Mário), a Maria Antonia, o Tim (Dr. Rafael Valentim), o Clóvis Ayrton e o Claudio.

Este é o ramo Gentil (aportuguesado de Gentile), da grande família Gentile da nossa cidade. Além de Gentil e Gentile, que eram parentes próximos, nossa cidade tinha  outro  Gentil, também Rafael, olha a coincidência!,  comerciante de calçados, casado com uma senhora da família Martoni, que eram pais do Nicolinha e do Mario, e moravam no mesmo prédio da loja, a Casa Leão(2011 Shock), situada no quarteirão que era ponto de jardineiras, Rua Padre Tarallo, entre a Valentim Gentil e a Francisco Porto.

Gentil é raça itapolitana, tradição de nossa cidade, com a graça de Deus bem reproduzida e rendendo frutos como o nosso psiquiatra e como o nosso Lucas, este menino brilhante que ainda vai dar muitas alegrias a todos nós.

Quando falo dos Gentil, como vou falar dos Gentile, brota em mim uma sensação de orgulho e de saudade. Orgulho por ter convivido com gente tão respeitável, de conduta marcada pela ética e pela retidão e saudade, muita saudade, porque muitos já se foram, como o Dr. Mário, meu guia para as coisas da vida!