Histórias que não foram escritas

Orestes Nigro

Diário de Itápolis - Agradecimento

Volto hoje de um modo diferente, sem ainda retomar as lembranças da minha mais tenra Itápolis. E não poderia ser diferente! Nesta página de retorno vou expressar a minha profunda gratidão pelas manifestações de solidariedade, de apoio amigo, de calor humano, tudo que me foi necessário para suportar a imensa dor, da  qual sempre pedi a Deus que me poupasse: a perda de um filho! A perda de uma criatura que você ajudou a gerar, que você cobriu de carinho e de amor e de zelo.

Minha mãe, que perdeu tantos filhos, nos dizia sempre: “não existe dor maior, vazio mais oco, saudade mais presente, do que quando você perde um filho; é um pedaço da gente que se desprende, você nunca mais será a mesma!” Quanta sabedoria nestas palavras!

Deus faz as coisas certas, felizmente! Minha filha querida partiu numa fase de minha vida em que reencontrei inúmeros amigos, a maioria desta minha terra querida. E estes amigos me cobriram de carinho, com gestos de grande nobreza e fé cristã, e isto foi importante para que o vazio que tomou conta de mim começasse a ser amenizado. Nestas horas é que se revelam os parentes que consideram você, os amigos que se preocupam com  você. Por isto sinto-me impelido a cometer um contra-senso: o de dizer que sou um homem feliz! Sim, é isto mesmo, por mais estranho que pareça. Pois quem, a vida toda, colocou os valores espirituais, o calor humano, o amor ao próximo, acima dos bens materiais, quando encontra tudo isto junto em seu benefício só pode mesmo é se sentir feliz.

Foram inúmeras as pessoas de minha família, inúmeros os amigos que me escreveram, que me ligaram, que me visitaram, sempre trazendo uma palavra de conforto e de esperança. Não haveria espaço nesta página para nomeá-los. Por esta razão quero agradecer a todos, em meu nome, em nome de minha esposa e de toda a minha família, certo de que seus gestos de solidariedade sensibilizaram a todos nós, certo também de que a minha caçulinha, de onde está agora, deve estar agradecida por tanto apoio ao pai que ela tanto amou nesta vida.

Minha enorme gratidão, a todos vocês eu canalizo numa só pessoa:  Izilda Reis, minha grande amiga, responsável pela edição semanal do jornal "Diário", pois ela tocou fundo o coração deste pai ao homenagear minha filha com palavras tão ricas de sentimentos e de fé. E seu texto contribuiu grandemente para que inúmeros amigos se inteirassem da minha situação e pudessem expressar sua amizade e seu carinho para comigo.

Desculpem todos por estar eu usando este espaço, que pertence à história desta cidade, para esta manifestação tão pessoal. Mas eu não conseguiria voltar a escrever minha crônica semanal se não fizesse isto. Obrigado a todos, que Deus os olhe com sua bondade e seu amor de Pai.