Histórias que não foram escritas

Orestes Nigro

Reminiscências e os dias encantados do Grande Reencontro

Momentos emocionantes as apresentações da Banda Marcial

O reencontro com a minha “mais tenra Itápolis” na Semana da Pátria me reportou aos velhos tempos, como num sonho. A minha velha e sempre linda igreja matriz, as ruas que percorri durante duas décadas, a deliciosa praça dos meus flerts, dos meus namoros adolescentes, dos tímidos primeiros passos de mãos dadas, os sons daquela mágica fanfarra que mais parecia a Banda Municipal regida pelo saudoso maestro Raphael Mercaldi, tamanha a competência com que executou o “Hino à Independência”, “New York, New York”, “O bêbado e a equilibrista”(Clique aqui e veja os vídeos). A cena do velho e clássico coreto, ao centro da praça, rodeado pelas famílias dos itapolitanos elegantemente vestidos nas tardes de domingo, as crianças correndo pelas aléias do jardim, as meninas com seus enormes laços à cabeça, os meninos com seus suspensórios, todos embalados pelos dobrados, pelas valsas, pelos maxixes, pelas marchas e chorinhos tão brasileiros, tudo isto me saltou à memória, quase me levando às lágrimas

Prédio onde funcionava a antiga cadeia pública, no térreo e o Fórum no andar superior, hoje um tanto esquecido, mas que possivelmente passará por uma ampla reforma

Aquele desfile enfrentando a chuva, descendo pela Valentim Gentil, que um dia foi a Avenida XV de Novembro, que era cortada pelos trilhos da Estrada de Ferro Douradense, a visão do velho prédio da Cadeia Pública no térreo e do Forum no andar superior, hoje o nosso Museu, por sinal um tanto esquecido, o caminhar pela Rua Ruy Barbosa, agora Odilon Negrão, passando pelas casas antigas que ainda permanecem imponentes, como a casa dos meus padrinhos Laura e Manoel Borges, e um corredor ao fundo e ao centro levando à casa da direita, onde viviam a tia Olívia, irmã de meu avô e o tio Antônio Rodrigues; as casas à esquerda onde moravam as famílias do Dr. Vasco Pestana Franco e a

Quem é rei não perde a majestade, já dizia um provérbio popular; e o tempo acentuou, ainda mais, a simpatia de a alegria que Dª Laura nos transmite

enorme família do meu tio Zeca, hoje a sede da Associação Comercial; à direita, a casa do professor Aureliano, seguida da casa de dona Laura Del Guércio, com ela acenando da janela agora quase centenária, mais adiante a antiga casa do patrono atual da rua, o Sr. Odilon Negrão, agora ocupada pela tradicional família das Pinotti – onde pude ver a acenar a Angelina e a Afra (onde estavam a Óldera e a Josefina?) Era a minha Itápolis que ressurgia e tornava reais todos os meus sonhos e devaneios de meus longos anos de ausência.

A inesquecível Zizinha, no dia em que seu marido, Jacintho Mazzo comemorava seus 50 anos

-Falando com você agora, minha cidade! Quando eu era jovem e perambulava por suas ruas, minha querida terra, eu a amava  e a amava muito mesmo, minha Itápolis, mas depois, à distância. meu amor por você multiplicou-se, agigantou-se e inundou minha mente nas minhas noites de lembranças. Guarda em seu seio as minhas mais doces reminiscências, guarda em seu solo os restos de meu pai, de minha mãe, de meus irmãozinhos que partiram crianças ainda, tantos que não dá pra enumerar aqui, guarda minha irmã Zizinha, minha paixão e eterna protetora, seus filhos Lilo e Toni, sobrinhos tão queridos. Guarda tantos entes queridos, tantos amigos e colegas! Como deixar de amá-la, minha terra? Os leitores de minhas crônicas se admiram de minha memória, se espantam por eu lembrar com detalhes de coisas, fatos e pessoas tão distantes no tempo! Não é nenhum fato prodigioso não! Esta memória viva de sua história, querida terra, é a prova mais clara e insofismável de que a distância e o tempo não a apagaram de minha lembrança nem a afastaram de meu coração.
E como falar da minha mais tenra Itápolis é tão gratificante, vou continuar com vocês por muitas semanas ainda. Vou esquadrinhar a velha cidade rua por rua, casa por casa, família por família. E se a gente jovem desta terra encontrar no seu passado coisas, fatos, pessoas, jeito de viver que valha a pena ver revividas, criatividade não lhes falta, amor à cidade tampouco, vamos reeditar aquela grande família que sempre fomos no passado.
Jovens como o Lucas, a Cristiane, cabeças como a do Valentim Baraldi, pra citar os que tenho visto atuar, somados a muitos outros que é certeza que esta comunidade tem, esta terra crescerá em nossos corações e sua gente irá cobri-la de respeito e de carinho.