Histórias que não foram escritas

Orestes Nigro

Da minha mais tenra itápolis para os dias encantados do Grande Reencontro

A beleza ímpar de nossa Igreja Matriz, traz à mente pessoas e fatos ocorridos

Entrei na Igreja Matriz, naquela  sexta-feira, carregando na retina e no coração as cenas comuns na minha infância, mas agora mágicas, comoventes, lembranças de tempos em que minha Nona nos trazia ali para as rezas, os terços, as novenas. Vendo o altar-mor magistral, com seus entalhes, seus nichos, suas colunetas que apontam para o infinito, ressurgiram em meu peito as emoções que sentia, criança que eu era, toda vez que via aquele monumento à fé. Fui depressa em busca do Cristo Crucificado que me levava às lágrimas, vendo as chagas de Jesus. Reencontrei as imagens que pela vida inteira me representaram a Mãe Santíssima, a doce Santa Terezinha do Menino Jesus de quem era devota minha amada irmã Zizinha, a viva imagem de Jesus com o coração à mostra  e os quadrinhos episódicos da  Via Sacra, raríssimos de se ver na forma esculpidas como  estes de nossa Matriz.

Frei Elias, uma das figuras marcantes que voltaram à cena

E foi neste cenário místico, carregado da atmosfera daqueles anos tão distantes, vendo voltarem à cena as pessoas que marcaram época na vida religiosa dos anos 30, 40, 50, como minha prima Elza Sene, como a Dona Candinha, cunhada do Cônego Borges, dona Adelina La Laina, o Armando Escada, jovem dedicado às funções litúrgicas, o Sr. Vitório Machado e sua esposa Dona Mulata, e tantas e tantas criaturas assíduas de nossa Igreja, dizia eu, neste cenário de reminiscências em que ressurgiram as figuras do Frei Elias, do Frei Matheus, do Frei Nereu, do Frei Edvino, de repente surgiram à minha frente as figuras queridas que povoaram minha infância e minha juventude. O primeiro abraço caloroso foi com  o Naurzinho Gianzanti, que conserva a imagem que tinha quando era o filho do Pedrinho, do Posto de Gasolina daquele trecho envelhecido da Av. Campos Salles, que também se conserva como era. E lá vem o Geraldo Gentile, o “Rodrigues” do Prof .Tamerick, com seu sorriso aberto que sempre exibiu com simpatia; lá reencontrei a Lia Gentil, sua prima Nilza, o Nicalo, o Cello Gianzanti, a Maria José de Mello, a dona Nena Semeghini Mendonça, o Silvio Francischetti, o meu instrutor de coroinha, Chiquinho Santarelli e tantos outros antigos vizinhos, antigos colegas de Valentim Gentil, antigos amigos de infância, num intróito emocionante à missa tão bonita que já se iniciava.

A chuva fina não foi empecilho para desfilarmos. Da esquerda para a direita: minha esposa Mara, Walson Gardelin eu e o querido Tim Gentil 

As emoções continuaram na manhã de sábado, no Salão Nobre da Escola que fomos homenagear. Ali o encontro foi mais amplo. Pude rever os mestres de meu tempo como a Profª Nely Lutaif, a Profª Yolanda Santoro, minha querida Profª Dalva Nery Caivano,  veio de

O "abraço" ao prédio, um dos momentos mais marcantes na comemoração

 São Vicente acompanhada de seu esposo, Dr Edson, de seu filho Dalson, da Páscoa, sua nora e de sua filha Áulida Regina. Também ali pude rever a nossa querida bibliotecária, dona Laura Del Guércio Monteiro, a única representante da turma de 1933. Antigos colegas que não vi na missa, pude ver ali: Jorge e Maria Helena Haui, o Macedo, a Luzia Moreira dos Santos, a Terezinha Lapenta, a Terezinha e o  Carlito Gentile, meu primo Hélio Sene, minhas primas Ruth, Elza e Odila Sene, o Walson Gardelin, que nos emocionou com seu discurso, assim como o Roberto Leme com suas palavras comoventes.

 
Cristiane Rossano e Lucas Gentil, os artífices do momento mágico do reencontro

E por fim, pra mim que não fui ao baile, veio o desfile na manhã chuvosa do domingo. Mara, minha esposa, que vem de terras estranhas a toda esta emoção, rendeu-se à nossa e vestiu a camisa do Valentim Gentil e enfrentamos a chuva, atrás daquela fanfarra encantadora, mesclada de jovens e veteranos, sob a batuta do maestro Sebastião Vasque. Marchamos ao lado do Tim Gentil, do Walson Gardelin e da minha professora de desenho, dona Lili Di Muno Arruda,  da turma  de 1943. O abraço ao prédio da E.E. Valentim Gentil coroou a festa.

 

A sensação que me ficou de toda esta festa memorável é  de que fomos, naquele passado distante em que aqui vivi,  e agora, nos tempos atuais, uma grande família, espalhada por vários rincões desta pátria, mas com o coração a pulsar aqui, insuflado por sua gente maravilhosa que se renova na criatividade e na inteligência de jovens como a Cristiane Rossano e o Lucas Mendonça Gentil, artífices deste período mágico que recriou a alma itapolitana, no espírito do grande Valentim Gentil.