Orestes Nigro
 

Histórias que não foram escritas

 

Diário de Itápolis - Boas Festas!

O que tenho vontade de escrever nesta data não poderia ser outra coisa senão minha mensagem de Boas Festas!
         Expresso a vocês, meus conterrâneos e gente boa que tem Itápolis como sua morada, o meu velho sonho de voltarmos no tempo e reeditarmos as antigas formas de festejar o Natal. Voltarmos todos  a encarar esta festa religiosa como um ato de fé, de esperança  renascida com a vinda do Menino Jesus!  O mês de dezembro daqueles anos tinha cheiro de incenso, trazia sons de coros angelicais. Era hora do parente de longe chegar, do irmão que morava fora tirar uns dias para rever a família e celebrar junto dela a vinda do Messias.
         Havia troca de presentes sim, havia ceias e almoços fartos, quando a gente saboreava os frangos assados, os cabritos, as leitoas, alguns os perus. Havia cestas de uvas pretas e brancas, figos secos, uva passa, nozes, amêndoas, avelãs. Nem todos podíamos usufruir das frutas importadas, mas isto não aborrecia ninguém, porque não eram o essencial da festa. O essencial era o encontro, o abraço fraterno, o presente inocente, sem exibição de riqueza.
         Para nós, então crianças, o mito de Papai Noel era um ser de  verdade e nossa crença durava muitos anos, os pais nem cogitavam de revelar-nos a verdade. A crença em Papai Noel era uma vertente da fé, do crer sem ver. As igrejas, católica, presbiteriana, evangélica, davam o tom do Natal. Hoje é a 25 de Março, rua da loucura consumista da capital de São Paulo. As emissoras de rádio retransmitiam a Missa do Galo, tocavam músicas de corais maravilhosos      que entoavam “Noite Feliz”, “Adeste Fidele”, “Pinheirinho de Natal” e outros cânticos natalinos. A cidade se enchia de sons carregados de misticismo religioso. Hoje a TV exibe as cenas lamentáveis do empurra-empurra do Festival Anual das Sacolas.
         É possível que tudo isto acabe e  voltemos a caracterizar futuros festejos natalinos como uma festa da Humanidade? Minha fé e meu otimismo dizem que sim.
         Enquanto espero, aproveito o ensejo pra desejar a cada um de vocês, uma noite e um dia de Natal cobertos pela presença de Jesus Menino. Que haja fartura em suas mesas, que hão de estar cercadas de corações amorosos, de almas devotadas ao sublime sentimento da amizade, de amor fraternal e de muita  esperança.
         Aproxima-se de nós o ano de 2011! Aos idosos como eu digo que devemos agradecer termos chegado até aqui, com esperança no futuro. Aos homens e mulheres maduros sugiro que reflitam sobre o muito que ainda podem fazer para melhorar a humanidade, pois só assim se pode melhorar o mundo! Aos jovens, força vital que vai logo estar gerindo a nação, que se conscientizem de que devem se preparar pra esta missão. Aos adolescentes e às crianças, desejo mais um ano de  alegre participação da vida!
         Que 2011 seja o início da derrocada do egoísmo que assola a sociedade humana como um todo! Que o ser humano perceba o abismo que se está criando entre o Ser e seu Semelhante! Que o altruísmo, a visão do coletivo, a solidariedade retomem assento no trem da História para a salvação da entidade Homem! O dia 1º de janeiro não muda nada, mas dezembro é esperança de mudança. A mudança quem faz somos nós! Feliz Ano Novo pra todos nós!