Orestes Nigro
 

Histórias que não foram escritas

 

Diário de Itápolis - 31º Jantar dos Itapolitanos

Você já reparou que  quando você está longe do lugar onde vive e, por acaso, encontra algum conterrâneo também por ali, brota uma repentina alegria de ambas as partes? E às vezes esta pessoa nem é do seu relacionamento, aí na terrinha vocês se cruzam e nem se cumprimentam mas, distantes dali, um sentimento de familiaridade surpreende os dois. Já aconteceu isto com você?

Agora imagine se, vivendo em terra distante, você topa pela frente com um conterrâneo q          ue você não via há muitos e muitos anos! E mais ainda, se você vê pela frente uma pessoa que foi seu vizinho, que foi seu colega de escola, que foi seu companheiro de juventude! É algo emocionante, chega por vezes a ser comovente!

Pois bem! Agora você imagina encontrar na mesma hora e no mesmo lugar uma porção de antigos amigos, de antigos vizinhos, de antigos colegas de escola, companheiro de mocidade, colegas de trabalho! E você vai olhar pra esta pessoa, que está mudada pelo tempo, marcada pelos anos e tentar enxergar atrás dos cabelos brancos, do rosto sulcado pelas rugas, aquela moça que lhe arrebatou o coração, aquele moço que você viu lépido esbanjando juventude! E tem que pensar também que você também está passando a mesma sensação!

Foi isto que ocorreu comigo, caro leitor, no  último  dia 20 de novembro, no saguão de entrada e no salão do Circolo Italiano de São Paulo, onde aconteceu, pela trigésima primeira vez, o Jantar dos Itapolitanos. Seguidas emoções, seguidas surpresas, seguidas tentativas de identificar! Gente da minha terra que eu não via há 58 anos, pense nisto, 58 anos! Muitos eu consegui identificar! Um esgar, um sorriso, uma semelhança com antigos familiares deram a pista. Assim foi com o Tabajara Stocco – aquele menino de sorriso dentuço que irritava meu vizinho Berthaldo Bamann, que achava que ele estava com gozação, o filho do gerente da CPFL, Sr. Carlito Stocco, estava ali na minha frente! Está com aspecto jovial, parece que pra ele o tempo passou bem menos. Do seu lado a Ceminha! Menina peralta do meu pedaço, a filha da dona Leonice e do Sr. Lázaro Mendes também esbanjando juventude, linda como não era naqueles tempos de menina magricela, Iracema Mendes revelava-se jovial e elegante. Noutra mesa a Darly Scornaienchi, filha da Dona Natalina, minha professora do 4º ano primário, irmã do saudoso Disney, que tanto orgulho deu ao Sr. Nicola, seu pai. Darly que, em moça era exuberante com seus cabelos loiros e anelados, sua branca tez rosada, é hoje uma senhorinha que inspira respeito, na sua discreta postura.

E pude rever a Professora Lili Di Muno do Amaral Arruda, minha professora de Desenho nos anos 40, filha do Professor João Di Muno, elegante mestre de música e regente de coral, e da dona Angelina. Dona Lili estava ao lado da filha, cujo sorriso me lembrou o saudoso Araldo, seu pai, grande amigo meu e de minha esposa. E vi a Liameme Assis que, antes daquele Jantar, vi jogando basquete ao lado da Nicinha Galvão, da Lourdinha Garcia, da Nilza Alves de Oliveira, da Vera La Laina, que também estava presente. E pude abraçar o Bertinho Marconi, cuja simpatia e semblante de bondade o tempo não apagou, abracei também as pessoas encantadoras do Vicente Machado, do Tim Gentil, de sua esposa Dona Célia. Pude matar a saudade do Naurzinho Gianzanti, da Nilza Gentil, acompanhada do Dr. Jorge Miguel, seu esposo,  da Zezé Faria de Mello, a filha do grande Paulo Eloy, e da Auriluce Feres, que com sua irmã Glaucia formaram, na nossa Itápolis, uma dupla de rara beleza.

Alegria e simpatia = eterna juventude...

Alegria e juventude: eterna renovação

Já fui pro Jantar acompanhado de lembranças, pois comigo e minha esposa estava nossa ilustre hóspede, a Professora Dalva Nery Caivano que, do alto dos seus 89 anos, teve energia para cumprimentar mesa por mesa de convidados, emocionada por rever a Maria Clara Tarallo, a Joceli  Brevigleiri  Novelli, a Maricilda Torres, neta do Sr. Chico Torres, maior amigo do meu pai. Tiramos fotos com a Wolmar,  o Walson Gardelin e esposa, com a Odila Sene, a prima cuja família fez parte importante da minha infância, tivemos a presença sempre encantadora deste menino itapolitano de valor que é o Lucas Gentil. Enfim, uma porção de pessoas que reforçaram a minha saudade.

O comentário era de que, desta vez, tinha menos gente. Este evento, queridos conterrâneos, é único. Cidade nenhuma mais realiza um jantar anual de confraternização de seus filhos espalhados cá e lá. Não deixemos que isto acabe, não permitamos que a chama se extíngua. Seria a perda de uma identidade! E isto não pode acontecer.

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