Francisco José Santarelli

Memórias Políticas

 

 

"Bairro do Monjolinho"

Igreja e Coreto da Praça do Monjolinho

Todo mundo, de uma maneira generalizada, vira defensor e quando criança, fica na torcida para um desenvolvimento de sua terra natal. Dessa maneira, tendo nascido no bairro do Monjolinho, sempre tive um bem querer não só pelo bairro, mas também pelos seus habitantes.

Embora tenha vindo para a cidade com sete meses de idade, durante todo o período até atingir a mocidade, frequentei as belas festas do padroeiro de Monjolinho, “São José”.

 

Todo o terreno do bairro do Monjolinho  foi doado pela família do Sr. Ângelo Semeghini, pai de uma enorme família, onde destaco Antônio Aparecido Semeghini, Farmacêutico Analista do Centro de Saúde, Dr. Luiz Antônio Monteiro, com quem tive a felicidade de conviver e de ser seu amigo. Fazíamos lindas serestas na época saudosa dos boleros.
O bairro do Monjolinho foi fundado em 1926. Já em 1934, possuía 17 prédios, dentre eles dois foram construídos por meu pai que, naquela época, era pedreiro e foi trazido de Boa Esperança do Sul pelo Major Novaes, bem como minha mãe para ser a primeira professora ( Leiga ) do bairro.

1976 - Chegada do primeiro avião adquirido pelo Aero Clube de Itápolis

Dr. Francisco José Santarelli - Presidente do Aero Clube

Major Novaes, na época do café, vislumbrava o progresso do município. Seu filho Aldo, após construir uma pista de pouso para aviões em sua fazenda, trouxe para demonstração um aeroplano, assim chamado naquele tempo. Isso, para alegria não só dos habitantes do Monjolinho como os de Itápolis, pelas demonstrações do voo, princípio e inspiração para ser criado em Itápolis um Aeroclube. O que aconteceu pouco tempo após, com a doação do terreno pela família Santoro para a construção do campo de pouso do Aeroclube, que recebeu o nome de Luiz Dante Santoro.

 

C. A. Monjolinho - 1960

       Da esquerda para a direita, em pé: Mário Frangiotti, Waldomiro Curioni, Alcides Bortolassi, Ondenir Tambarussi, Valentim Delispostes, Euclides Javarotti, Iamacir Javarotti e Ariovaldo Salla
      Agachados: Nelson Curioni, Odair Bellanda, Alcides Romanini, Klinger Frangiotti, Reinaldo Frangiotti e Walter Curioni

Tive o privilégio de ser Presidente desse Aeroclube por 2 anos e pudemos comprar, com a colaboração de todos os membros da diretoria, o primeiro avião comercial para 4 lugares, dando assim um impulso para o desiderato programado acima citado de ser o Aeroclube mais bem estruturado do Brasil, mérito de dois itapolitanos: Edmir Antonio Gonçalves e Josué Andrade, que abriram uma escola para formação de pilotos sendo essa, para orgulho dos itapolitanos, a melhor escola de pilotos da América do Sul.
Em 1958, fui nomeado Dentista Estadual Escolar sendo um dia em Tapinas, outro em Nova América, três em Itápolis e um no meu querido Monjolinho.

Qual não foi minha surpresa ao iniciar meu trabalho, saber que Monjolinho recebia uma vez por semana visita de outro dentista, Manoel Wenceslau Regis. Daí as crianças me perguntarem se eu era também Regis, pois, para elas, Regis era sinônimo de dentista. Esse amigo e colega dedicou sua vida como dentista em Itápolis, Tapinas e Monjolinho.

Como nota pitoresca, o bairro tinha uma admiração pelo Dr. Eduardo Amaral Lyra, eminente Médico Cirurgião e líder político e, em uma eleição em que foi candidato a prefeito, recebeu apenas um voto contra e, os habitantes do bairro diziam, orgulhosamente, ter sido de um mesário de Itápolis.

 

No período áureo do desenvolvimento no bairro existiam duas Farmácias, seis estabelecimentos comerciais, uma linda capela em que meu pai trabalhou nela e que foi inaugurada em 19 de março de 1934. Sinto muita saudade das festas do padroeiro, dos frangos e das leitoas deliciosas

Por longo tempo, o bairro foi dirigido pelos senhores Lázaro Antônio dos Santos e João Castelli. Na lavoura, destaque para o Major Novaes e os agricultores Artur Bradim, Fernando Roque, Fernando Sala, Angelo Sala, Mário Pidella e irmão; Angelo Chiquetti, José Curioni e irmão, Ambrózio Curioni; Medrado Bortolassi, José Garieri e grande parte das famílias Romanini e Belanda.

Encerrando, nos idos de 1970, como Presidente Regional da Comissão Central de Esportes (CCE), entregávamos um jogo de uniforme de futebol para todos os times do município: camisas, calções, bola, além de rede para as traves e, ao assistir a um jogo no Bairro do Monjolinho, fiquei acabrunhado, pois achava que algo estava errado. Sofrendo com o sol escaldante, descobri o que me deixava preocupado: O juiz que apitava o jogo estava correndo e apitando com um guarda-chuva aberto, protegendo-se do sol.