Francisco José Santarelli

Memórias Políticas

 

"Família Manicardi"

Dedico essa humilde crônica à família de Atílio e Carolina Baveloni Manicardi. Lembro-me muito bem, moravam na Rua Barão do Rio Branco, onde hoje temos o Posto Texaco, da família Guidorzi.

Com muita satisfação e alegria recebi um livro de autoria de um grande amigo, que faz parte dessa família e que não o vejo há 62 anos, mas nem por isso nossa amizade se desfez, pois verdadeiras amizades se perenizam.

Antonio Mário Manicardi

Capa do livro escrito por Antonio Mário Manicardi

Trata-se de Antonio Mário Manicardi que, quando jovem, trabalhou comigo na Padaria Santarelli, de meu pai. Adorava música sertaneja, serenatas e era um radialista de nossa emissora ZYQ-4 como trovador, declamador e tinha uma facilidade imensa para trabalhar as palavras nas composições de seus versos, vejam estes:

“Adeus Balcão dos botecos

Onde eu bebia meus trecos

Para as mágoas afogar!

Mas de tanto que eu bebia

As mágoas que eu sentia                                         

Aprenderam a nadar!”

Quis o destino, no desmatamento do Paraná e da febre do café, levar para o engrandecimento daquele grande estado, parte da população de Itápolis e, nessa leva, partiram em 1952, Antonio Mário Manicardi, Ludovico Del Guercio e Emilio Ferraresi, para participarem da futura cidade de Maringá, pois essa ainda era Distrito de Mandaguari.

Esses três mosqueteiros ajudaram a eleger o primeiro prefeito de Maringá, em 1952, o Sr. Inocente Vilanova Junior.

Antonio Mário foi o primeiro funcionário da Prefeitura de Maringá, pois na comunicação já era radialista conhecido por “Nhô Juca” onde declamava, curtia música dos conterrâneos, José Fortuna e Pitangueira. Foi Vereador, Presidente da Câmara Municipal, Vice-Prefeito e Prefeito de Maringá.

Itápolis está presente em várias cidades desse Brasil, orgulho nosso por exportamos culturas através de seus filhos queridos.

Meu amigo continua trabalhando, qualidade essa ímpar de um simpático itapolitano idoso. Pelo seu livro, que me enviou, pelas suas poesias e pelas canções, vê-se o motivo que o credenciou a pertencer à Academia de Letras de Maringá , cidade que sempre adorou  e divulgou.

“Maringá gigante e bela

Eu lhe ofereço uma trova

De uma postura sem fim

e vou lhe dizer porquê...

E quanto mais longe dela

pois, esta é toda prova

Eu sinto a perto de mim

do meu amor por você!”

Meu amigo querido, seus conterrâneos, principalmente os mais antigos, prestam, através dessa crônica, uma homenagem pelo seu brilhante trabalho em Maringá, sem nunca esquecer dessa sua querida Itápolis.

Dos Manicardi aqui em Itápolis ficou o Sr. José Manicardi, pai de meu colega Eurico Hermes Manicardi. Sr. José impulsionou a cidade como industrial instalando máquinas de beneficiar algodão, bastante produtivo naquela época em Itápolis e posteriormente máquinas de beneficiar café, ambos, pai e filho partiram deste mundo muito cedo, deixando uma grande saudade.

 Destaque agora é para Dr. Mário Aparecido Manicardi, cirurgião dentista do Hospital Albert Einstein, profissional dos mais renomados, trabalhou muito em beneficío dos cirurgiões dentistas do estado, pois foi Diretor do Departamento de Assistência Escolar.

Hermes Henrique Zambine, Mário Manicardi e eu fizemos cursinhos para vestibular em Ribeirão Preto. Dr. Mário, em sua modéstia, enviou para Itápolis vários consultórios dentários, estufas esterilizadoras, vários amalgamadores, instrumentos cirúrgicos, boticões e um caminhão cheio de medicamentos durante a gestão de Dr. Acácio Batista da Silveira.

Fomos colegas nos cursos de normalista e colegial. Devo destacar como um fato de suma importância para mim, que Dr. Mário teve seis filhas, das quais 3 dentistas, todas lindas de uma beleza incomum, Renie, Rubia, Rosalia, Regina, Rosa e Renata.

Agora, é a vez de Oswaldo Manicardi, Cartorário no Bairro Santana em São Paulo. Pela sua cultura, Dr. Ulisses Guimarães o requisitou para ser seu secretário e foi sempre um funcionário exemplar.  Sempre acompanhou Dr. Ulisses quando nas eleições ou quando visitava essa cidade e gostavam de almoçar na residência de meu pai, pois adoravam as receitas dele: macarrão feito em casa, frango com quiabo e outras iguarias.

Trabalhou como diretor da Caixa Econômica Federal, no Tribunal Regional do Trabalho em Campinas, onde recebeu justa homenagem quando de sua aposentadoria.

Tio Oswaldo, assim chamado por nós, se esforçou para Itápolis receber a Escola Agrícola, inaugurada com a presença dele e do então substituto da Presidência da República, Dr. Ulisses Guimarães.

Oswaldo inaugurou a abertura do novo prédio da Caixa Econômica Federal de Itápolis, localizada na Avenida Sete de Setembro. Sempre foi grande amigo nosso, meu e de seu sobrinho Eurico Hermes, pois quando lecionávamos em São Caetano, nos apertos financeiros, sempre nos auxiliava.

O ruim era que para chegar em seu apartamento tinha uma enorme escadaria. Obrigado por tudo tio Oswaldo.

Agora, para encerrar, citarei o nome dos outros membros da família Manicardi: Domingos, Sílvio, Amélio, Rosinha, Olívia, Amerope, infelizmente todos falecidos. Que Deus os tenha.

Ao falar da cidade de Maringá me fez lembrar de outro ilustre itapolitano que por lá emprestou sua incontestável capacidade e extrema cultura. Trata-se meu dileto amigo, Hugo Pires Junior, ilustre professor universitário, que hoje reside no Estado da Bahia a quem saúdo com prestimosa consideração!